A Memória de um Álbum de Viagem/ The Memory of a Vacation Album
Em um passado não tão distante, a fotografia digital que está disponível através de vários dispositivos que temos ao alcance de nossas mãos não existia. Mas, mesmo assim, em cada viagem nesses "tempos antigos" uma câmera sempre nos acompanhava. E
não importava o risco de que, ao voltar para casa e esperar os resultados do laboratório, as fotos poderiam ficar boas ou
ruins. O importante, igual que hoje, era o registro. Se nós tínhamos capturado ou não. Ter provas de que aquele momento
vivido tinha sido real.
Nossas memórias podem causar felicidade, tristeza, idealizar e enganar. Antes, depois e entre tudo isso tiramos
fotos.
Em janeiro de 2012, poucos dias antes da minha mudança do Rio de Janeiro para Buenos Aires, meu pai decidiu
acrescentar algo mais à minha mala cheia de dúvidas e excesso de peso. Ele me entregou um álbum de fotos de uma
viagem que fizemos para a Europa em 1999 e que sofreu uma inundação causada por uma tempestade.
Em uma mudança internacional, o processo de esvaziar as malas é lento. Quando eu finalmente decidi abrir o álbum, vi
que as fotos eram iguais que as minhas lembranças da viagem.
Com falhas.
Incompletas.
Com distorções e lugares apagados, esquecidos e perdidos.
*As imagens da série são impressões jato de tinta sobre papel Canson Baryta 310 g/m2, dimensões variáveis, 1/5 + PA,
2014-2015.
*A série também foi publicada como fotolivro em 2016, 75 páginas, capa dura, 25 x 18 cm, prólogo escrito pela critica de
arte e curadora argentina Ana Maria Battistozzi, edição de 300 exemplares.